quinta-feira, 31 de março de 2011

Ed. Física e Cultura






Visita ao Museu de Arte Contemporânea, com professores e alunos da UFF. Objetivo: estudar as questões da Educação Física Escolar e Cultura, (Niteroi 30/03/2011).

quarta-feira, 30 de março de 2011

ATIVIDADE FÍSICA, APTIDÃO FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

O objetivo da educação física na escola não é formar atletas, mas levar os alunos refletirem sobre sua saúde, seu lazer e sua qualidade de vida. Para isso três perguntas são interessantes:

- Por que me preocupar com a minha aptidão física
- O que fazer?
- Como fazer ou como saber se aquilo que estou fazendo está correto?

Nesse sentido devemos nos preocupar com os benefícios que se podem obter com a prática regular de atividades físicas e a conscientização de que o sedentarismo traz sérios riscos à saúde. Deve ser afastado o princípio da “MALHAÇÃO” desorientada e que a escola seja uma academia de ginástica ou um centro de treinamento. A educação física na escola deve ensinar os benefícios de uma vida ativa, como obtê-los e levá-los para fora da escola.
Existem expressões no vocabulário da mídia, na fala de médicos, agentes de saúde e até na escola: atividade física, aptidão física e qualidade de vida. Afinal, o que significam e qual a relação que existe entre elas?

ATIVIDADE FÍSICA

Por atividade física pode-se entender qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética e que resulte em consumo de energia. A partir deste conceito podem surgir várias perguntas:

Se a atividade física é qualquer movimento corporal, o que as pessoas fazem no trabalho, é atividade física?

A resposta a essa pergunta é sim. Os movimentos realizados no exercício das profissões, inclusive a de estudante, podem ser considerados atividades físicas. Entretanto, para efeitos do programa de educação física, somente serão consideradas as atividades escolhidas para fazer durante o tempo livre (quando não se está trabalhando).

Outra pergunta que pode aparecer é: Já que fazemos atividade física no trabalho e na escola, a ponto de chegar em casa bastante cansado, ainda assim é preciso fazer exercícios para melhorar a condição física?

A resposta é sim. Independente do tipo de atividade profissional que se desempenhe, seja ela mais ou menos exigente, do ponto de vista da solicitação física, é necessário praticar regularmente uma atividade física para melhorar a condição. No tempo livre e orientado sobre a maneira certa de realizar a atividade (duração, roupa e movimentação).

Para esclarecer outras questões, convém retomar o conceito de atividade física e tecer algumas considerações sobre o significado de voluntário.

Importante é que se tenha claro o conceito de movimento corporal voluntário, qualquer que seja ele, será produzido pela musculatura esquelética que tem como uma de suas características o fato de estar sob o controle da nossa vontade. É justamente por esse fato que esses movimentos são chamados voluntários. Daí vem a dúvida: Então existem movimentos involuntários?

Certo, movimentos involuntários são aqueles que independem da nossa vontade e são produzidos por outros tipos de musculatura. Como exemplo podemos citar as batidas do coração. Independente da vontade do indivíduo, o coração está contraindo e descontraindo e, com este movimento, impulsionando (bombeando) o sangue no organismo. A musculatura que forma o coração é a cardíaca, diferente da esquelética.

Essa capacidade da musculatura esquelética de se contrair, descontrair e alongar, atuando sobre os ossos é que irá possibilitar a execução dos movimentos chamados voluntários.
Todo movimento realizado implica em um consumo de energia. Assim como um automóvel necessita da transformação da energia contida no combustível, os nossos movimentos somente serão possíveis se houver condições que permitam a utilização da energia fornecida pelos alimentos em um trabalho muscular. E da mesma forma que já ouvimos falar que determinado automóvel faz 10 km com um litro de gasolina, o que indica uma noção de consumo do veículo, a quantidade de energia consumida em uma atividade física pode ser expressa de várias formas.

A mais comum delas é a quilocaloria (kcal), também costuma ser representada por (cal) daí tantas vezes as pessoas se referirem a “CALORIAS” palavra bastante comum quando se refere à alimentação. Assim, a quilocaloria é uma das formas que se tem para o estabelecimento do quanto de energia foi consumido pelo organismo para a realização de uma determinada atividade física.

Por exemplo, se uma pessoa caminha a distância de 3 km em 30 min, o que representa uma velocidade de 6 km/h, ela terá consumido aproximadamente 150 kcal. De forma semelhante ao que acontece com o automóvel, quanto maior for a velocidade, maior será o consumo. Quando a pessoa corre os mesmos 3 km e completa o percurso em 15 min (com uma velocidade de 12 k/h) , ela terá gasto as mesmas 150 kcal na metade do tempo.

APTIDÃO FÍSICA

Um dos conceitos de aptidão física é: A capacidade de realizar trabalhos musculares de forma satisfatória.

Geralmente, a aptidão física relacionada à saúde compreende a resistência cardiorespiratória, a força, a resistência muscular e a flexibilidade, a capacidade física. Ela é determinada por uma série de fatores dentre os quais se incluem o nível habitual de atividade física, a dieta e a hereditariedade.

A aptidão se estende aos sistemas biológicos que também são influenciados pelo nível habitual de atividade física, nesse sentido, pode-se falar de uma aptidão fisiológica. Os aspectos que são considerados neste tipo de aptidão podem incluir a pressão arterial, a composição corporal, a distribuição de gordura, etc.

Na área de aptidão, as adaptações se referem aos processos de ajustamento do organismo humano às variações nos níveis habituais de atividade física. As adaptações são então definidas em termos das respostas a essas atividades incluindo o treinamento e a falta da prática de uma atividade física adequada.

Isso significa que tanto a prática regular de atividades físicas quanto o sedentarismo (inatividade física) podem provocar adaptações (positivas ou negativas) no organismo das pessoas. Em relação ao nível habitual de atividade física podemos dizer que, quanto maior for o nível de atividade física a que uma pessoa está sujeita no seu dia-a-dia, melhor será a sua condição física.

Para se ter uma idéia mais clara da influência do nível de atividade física na condição (aptidão física) vamos tomar o exemplo de duas pessoas que exercem atividades profissionais diferentes. Um carteiro, que passa o dia todo caminhando ou pedalando para cumprir suas atividades profissionais, possui uma condição física muito melhor do que uma pessoa que permanece sentada o dia todo na frente de um computador.

Mas, seja qual for o nível de atividade física exigido da pessoa no seu trabalho, todas aquelas que desejarem melhorar a sua aptidão (condição) física precisarão praticar, de forma regular, atividades física em suas horas livres.

Embora uma atividade comum (trabalho ou estudo) determine um nível de atividade física que pode ser maior ou menor, como no caso do carteiro e do digitador, como já foi dito antes, estudaremos as atividades físicas realizadas durante o tempo livre. Quando o uso da atividade física durante o tempo livre se dá de forma repetitiva por um período de tempo e tem por objetivo a melhora da aptidão física, esse espaço recebe o nome de treinamento. Como exemplo podemos mencionar:

Série repetitiva – Caminhar 20 minutos; Executar 10 repetições de um exercício; Etc.
Período de tempo – 3 vezes por semana durante 12 semanas; Um semestre; Etc.

SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

A saúde é uma condição humana que apresenta três dimensões: a física, a social e a psicológica. Há algum tempo, ter saúde significava não estar doente. Atualmente, a saúde positiva está associada a capacidade de gozar, desfrutar a vida e enfrentar desafios. Não mais a ausência de moléstias.

Esquema para descrição das complexas relações entre as atividades físicas habituais, a aptidão física e a saúde:

(ATIVIDADE FÍSICA,TRABALHO,LAZER)---(APTIDÃO FÍSICA FISIOLÓGICA)----(SAÚDE,BEM ESTAR,MORBIDADE)----(HEREDITARIEDADE,ESTILO DE VIDA,AMBIENTE,ATRIBUTOS PESSOAIS)

Nas palavras acima aparecem a hereditariedade,o estilo de vida, o ambiente e os atributos pessoais como fatores que interferem na aptidão física da pessoa.

Eles significam:

Os fatores hereditários – (recebidos dos nossos pais) contribuem no sentido da variabilidade dos níveis de aptidão física encontrada nas diferentes pessoas. Através deles podemos explicar por que uma determinada pessoa é mais forte, mais resistente ou mais veloz do que outra, mesmo que sejam do mesmo sexo, idae ou ainda possuam o mesmo grau de treinamento. Outro fato que pode nos mostrar a influência dos fatores hereditários é que, além de um treinamento muito intenso, os campeões olímpicos, por exemplo, possuem características genéticas especiais em relação a nós ou a outros atletas de níveis inferiores.

A genética também nos ajuda a entender o porquê de existirem pessoas que por mais treinamento que façam, jamais poderão chegar a resultados esportivos comparáveis a esses campeões.

Estilo de vida – é o conjunto de comportamentos, ações e hábitos (fumo, dieta, atividade física, etc.) que podem afetar a saúde pessoal. A pessoa que fuma aumenta em 65% o risco para a saúde quando comparada com uma não fumante. Quanto a dieta, podem ocorrer casos de desnutrição e no outro extremo, obesidade.

O ambiente – possui características de natureza física e social (temperatura, umidade, altitude, qualidade do ar, local de residência, características do local de trabalho, etc.) que podem afetar a atividade física habitual, a aptidão e a saúde. Nesse sentido, uma pessoa que vive em um lugar muito poluído, correrá maiores riscos de adquirir doenças respiratórias e, muito provavelmente, terá pouca disposição para executar um programa de atividades físicas. Como atributos pessoais podemos compreender a idade, o sexo, a condição socioeconômica, a personalidade e a motivação. Para se ter uma idéia, aos 40 anos de idade a força de uma pessoa perdeu 10% do potencial que tinha aos 25 e, aos 80 anos, possuirá aproximadamente a metade da sua maior capacidade.
Essas perdas, quando transformadas em kg ficam assim: suponhamos que aos 25 anos o sujeito seja capaz de levantar um objeto qualquer de 50kg (um saco de cimento). Caso não faça atividades físicas, aos 40 anos será capaz de levantar 45 kg e aos 80, esta carga ficará reduzida para 25kg
Embora, em relação ao fator sexo, a força das mulheres seja aproximadamente 40% menor que a dos homens, uma mulher que passou por um treinamento pode apresentar um nível de força igual ou mesmo superior a de um homem destreinado.

A saúde positiva está associada com a capacidade de desfrutar a vida e de enfrentar desafios, na é apenas um estado de doença ausente. Nessa direção, o conceito de aptidão física liga-se à capacidade de realizar tranqüilamente as tarefas do cotidiano com uma reserva extra de energia para a execução de atividades mais intensas. Em outras palavras, um indivíduo possuidor de uma boa aptidão física é aquele que estudando, trabalhando, deslocando-se de um lugar ao outro, subindo e descendo escadas, levantando e carregando objetos não se sente cansado e, ao solicitar da sua musculatura um esforço um pouco maior como atravessar uma rua correndo, carregar algo um pouco mais pesado e permanecer em pé durante um bom tempo, seja igualmente capaz.








Livro: Educação Física na Adolescência Construindo o Conhecimento na Escola.
Autores: Mauro Gomes de Mattos e Marcos Garcia Neira.